O que pensa... Luiz Magalhães

13/12/2011 12:52

Conversamos com o professor de Estética e Cultura de Massa, do curso de jornalismo do UNIBH, Luiz Magalhães, para saber qual sua opinião sobre o sertanejo universitário. Luiz expressou sua opinião em um bate-papo embasado nos conhecimentos teóricos como mestre em filosofia. Confia a entrevista na íntegra.

 Foto: Aquivo pessoal

 

Por Paula Isis

 

Com o chamado “sertanejo universitário que, atualmente atrai um grande público, principalmente jovem, quais os riscos com a maciça segmentação da música?

 

Não sei se podemos falar de risco. Risco de que? Segmentação também não é necessariamente um problema. Creio que a questão esteja mais relacionada com a qualidade do que é ofertado e o nível da demanda.

 

O que explica o grande sucesso alcançado por músicos desse gênero?

 

Não acompanho o trabalho de nenhum deles e não sei exatamente como se colocam no mercado. Pelo que vejo, superficialmente, tudo está relacionado com a questão do marketing que envolve esse tipo de produto mais comercial.

 

Existe um responsável, por este sucesso?

 

Como disse, acho que o marketing é forte. Temos ainda o nível da demanda. Esses produtos envolvem toda uma cultura que vai além da música, com hábitos de consumo, roupa etc.

 

De quem seria esta maior “responsabilidade”, da mídia com o excesso de divulgação ou do propriamente do público que absorve?

 

É tudo uma questão de mercado. Tem demanda, tem oferta com um marketing bem direcionado e novas demandas são criadas. Assim como ocorre com objetos de consumo.

 

A música sertaneja universitária não passa de música industrializada? Ou existe alternativa?

 

Como não acompanho esse estilo, não sei ao certo. Me parece que é a mesma questão dos outros estilos mais comerciais, como axé e cia. Não sei se eles consomem também boas versões de clássicos da cultura sertaneja.

 

A música popular de forma geral, normalmente é atraída por pessoas da massa, no entanto atualmente, os universitários se tornaram adeptos fieis desta nova onda. Existe um declínio dos gostos estéticos da cultura, principalmente na música?

 

A música brasileira é muito rica e ainda vivemos de uma herança muito especial que nasceu por volta dos anos 50 e 60. Depois de um período tão brilhante, não sei se o que nasce hoje, como esse mercado tão forte, conseguirá manter a mesma qualidade. Temos outros fatores envolvidos como as tecnologias de execução, produção e distribuição dos produtos musicais. Não sei se quantitativamente existe mesmo um declínio ou se o que vemos de maneira mais incisiva se relaciona naturalmente com um nível mais elementar.

 

A música popular de massa funciona como uma droga alucinógena, que impede o público de discernimento, de gostos “melhor” apurados artisticamente falando?

 

Acho complicado afirmar isso. Muitas pessoas consomem produtos mais sofisticados e também outros mais comerciais. O problema é quando se restringem ao que existe de mais pobre.

 

Pode-se chamar sertanejo universitário de música?

 

Sim. Do mesmo jeito que existem coisas mais bem elaboradas e outras piores. Temos a literatura dos grandes escritores e dos escritores menores. O mesmo vale para a música.